Fonte: vaticannews.va/pt
Cidade do Vaticano
“Recuperar o valor autêntico do trabalho como expressão essencial da pessoa humana e meio para prosseguir na realização de si. Este é o caminho para construir uma sociedade inclusiva que não meça o progresso humano somente em termos de crescimento econômico e acúmulo de riqueza material.”
Foi o que disse o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Genebra, Suíça, Dom Ivan Jurkovič, nesta segunda-feira (04/06), na 107ª sessão da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em andamento na cidade helvécia de 28 de maio a 8 deste mês.
Futuro do trabalho e justiça social
O arcebispo falou sobre o futuro do trabalho e a justiça social diante das mudanças profundas do mundo atual, um dos temas que a organização dedicou nos últimos dois anos a sua atenção em vista das iniciativas para o centenário da OIT, em 2019.
Fenômenos como a globalização dos mercados e as inovações tecnológicas, mas também a instabilidade financeira mundial, desequilíbrios econômicos e poder, tendências demográficas e mudanças climáticas estão transformando radicalmente o mundo do trabalho.
Isto requer um profundo repensar do significado do trabalho hoje para a economia, a sociedade e a política, especialmente em referência aos novos desafios colocados pelo avanço das tecnologias que têm fortes implicações sociais, mas também éticas.
Jovens transcurados pela economia atual
Falar sobre o futuro do trabalho nesse contexto significa pensar nos jovens. “Para construir um futuro sustentável é necessário envolver as novas gerações que são paradoxalmente cada vez mais marginalizadas pelos processos produtivos. O crescimento econômico mundial não parece capaz de criar novos empregos de qualidade, sobretudo para os jovens que devem ser os protagonistas dos processos em andamento.”
Permitir às mulheres conciliar trabalho e família
“Garantir um trabalho digno e adequadamente remunerado a todos significa também garantir direitos iguais a homens e mulheres. Uma das principais questões a serem resolvidas continua sendo a de permitir às trabalhadoras conciliar família e trabalho, na consciência de que é a célula fundamental da sociedade e, portanto, “deve ser protegida”. “Se a sociedade não reconhece o valor social do trabalho e o papel da mulher na família”, observou o prelado, “a discriminação feminina nunca será superada”.
Mulheres e acesso à educação
Outro aspecto fundamental é o da educação: somente garantindo às meninas e mulheres o acesso à educação é possível combater a discriminação que elas enfrentam. Elas são as categorias sociais mais expostas ao flagelo do trabalho forçado, das formas modernas de escravidão e do tráfico de seres humanos.
A Santa Sé reitera a necessidade de combater esses fenômenos deploráveis na raiz, partindo do reconhecimento de que “nenhum ser humano pode ser tratado como um objeto ou um meio para alcançar um fim”.
Dignidade igual no mundo do trabalho
Dom Jurkovič reiterou a firme condenação da Santa Sé contra o assédio sexual no local de trabalho, em que as mulheres são sobretudo as vítimas.
“Para alcançar o pleno respeito e a igualdade das mulheres no mundo do trabalho não basta condenar a discriminação e a injustiça: são necessárias campanhas de conscientização eficazes e inteligentes para promover as mulheres em todas os âmbitos de sua vida, começando com o reconhecimento universal de sua dignidade, intrínseca em todo ser humano”, concluiu.