O Capítulo das Esteiras dos frades com menos de 10 anos de profissão solene da Ordem dos Frades Menores chegou ao fim em Taizé. A Celebração Eucarística da manhã foi presidida pelo Ministro Geral, Frei Michael Perry, que convidou os capitulares a aceitarem as palavras de Jesus no Evangelho de hoje: “Não temais!”. Uma palavra que, segundo Frei Michael, os encoraja a empreender a viagem de volta às suas fraternidades. “A oração matinal prolongou nossa confiança sem temor na providência do Pai, confiando não apenas nossas necessidades, mas também estendendo nossa intercessão às necessidades do mundo”, escreveu o cronista do dia.
De 7 a 14 de julho, os Frades Menores, com menos de 10 anos de profissão solene (‘Under Ten’), procedentes de todo o mundo, estiveram em Taizé, França, por ocasião do Capítulo das Esteiras para refletir sobre o tema “Frades em diálogo”. Esta celebração foi enriquecida com a participação de 181 frades menores (representando cinco continentes, 15 conferências da Ordem, 86 entidades, 52 nacionalidades), juntamente com o Ministro geral Frei Michael Perry, seu Vigário, Definidores e membros da comissão organizadora. Para dar mais riqueza a essa celebração, a grande comunidade de Taizé acolheu os frades e, ao mesmo tempo, mais de 2.000 pessoas de todos os cantos do mundo.
Desta Província Franciscana da Imaculada Conceição participaram Frei Rodrigo da Silva Santos, Frei Douglas Paulo Machado e Frei Alisson Zanetti. Pelo Brasil, 16 frades estarão no evento representando a Conferência Brasileira dos Frades Menores.
Os frades participaram da última reflexão bíblica da semana neste sábado, 14 de julho, oferecida pelo irmão John, um monge da comunidade, onde refletiram sobre a passagem evangélica do envio missionário dos setenta e dois discípulos (Lc 10: 1-9), que fala da hospitalidade oferecida (e requerida) aos discípulos em uma missão.
“Na celebração de abertura, nos reunimos fora da igreja e entramos em procissão. Desta vez, nos encontramos pela primeira vez na igreja para louvar ao Senhor e ouvir algumas reflexões, mas depois fomos convidados a deixar a igreja para receber o mandato de ir pelo mundo, como nossa Regra nos convida a fazer. Na igreja, ouvimos o irmão Alois, prior em Taizé, que nos agradeceu, recordando dois pontos comuns entre nós e os irmãos de Taizé: a fraternidade e a simplicidade. O Ministro Provincial da França, Frei Michel Laloux nos convidou a agradecer ao Senhor, encontrando muitas razões, grandes e pequenas, para fazê-lo. O Ministro Geral, Frei Michel lembrou-nos que nestes dias sentimos que não estamos sozinhos em nossa aventura franciscana, mas que somos acompanhados por Deus e por nossos irmãos. Ele nos lembrou de nossa fé em um Deus trinitário que fundou nossa espiritualidade de diálogo como um modo de viver nossa vida enraizada em Deus, aberta ao encontro de Deus e com todos os outros, de cada cultura e origem. Ele concluiu com o texto do Apocalipse que inspirou o último Conselho Plenário, com o convite para retornar ao primeiro amor e ouvir o que o Espírito diz às igrejas”, disse o cronista do Capítulo.
O grupo de frades da Conferência do Brasil
Depois dessas três intervenções, a mensagem final foi lida para todos os frades da Ordem, preparados por uma comissão de delegados. Nela, o tema do diálogo foi muito lembrado, uma tradição na Ordem dos Frades Menores e que neste ano é celebrado com o jubileu dos 800 anos do encontro de São Francisco de Assis com o sultão Al-Malik Al-Kamil. “Os irmãos ‘Under Ten’ de todo o mundo, reunidos aqui, foram testemunhas – e nós cultivamos essa tradição – ouvindo e compartilhando nossas ideias e opiniões em diferentes grupos linguísticos. Depois de saber que o diálogo começa dentro do nosso coração, para começar, precisamos ouvir e aceitar aos outros sem preconceito e sem medo, em meio a essa sociedade que muda muito rapidamente pelo desenvolvimento tecnológico. Ao mesmo tempo, neste processo de abertura, na vida fraterna, os diferentes desafios que temos que enfrentar devem ser enfrentados na diversidade social e cultural, entre as tensões do mundo real e virtual, às lacunas geracionais, e o individualismo … Nós, como Frades Menores, declaramos: Cientes da enorme dificuldade que existe para o diálogo e abertura em nosso mundo, em meio às tentações do ódio, divisão, violência e do desejo de superioridade, somos capazes de aprender, através da nossa experiência aqui em Taizé, e também da rica tradição que têm os frades menores, a cultivar momentos de diálogo concreto, abertura, tolerância e aceitação. Nós podemos ver o outro como uma ameaça à nossa existência, mas como fonte de riqueza. Nós professamos levar e comunicar esta experiência, assumindo valores evangélicos como um modo de vida seguindo as pegadas de San Francisco de Assis”, diz o texto da mensagem final.
No final, os frades receberam do Ministro Geral uma medalha como lembrança deste capítulo. “Então saímos da igreja em procissão, tendo declarado juntos que queremos servir a Cristo e à Igreja, no modo de São Francisco, e que nós, especialmente, queremos testemunhar a ele, morto e ressuscitado por nós, recebemos a bênção de São Francisco. O canto da Salve Sancte Pater concluiu nossa comemoração”.
A celebração, intensa e significativa, estendeu-se à recriação fraterna, no jardim da comunidade monástica, onde os frades puderam voltar a vivenciar os encontros e intercâmbios com os irmãos (frades e com os da Comunidade de Taizé) com quem se encontraram esta semana. As saudações mútuas também começaram, porque alguns já partiram logo na manhã deste domingo.
Fonte: franciscanos.org.br